Baiana, chegou na cidade aos 7 anos de idade; atual presidente do COMPPIR, atuou em diversos movimentos negros e de mulheres do município
Neste mês, a Prefeitura de Cordeirópolis divulgará uma série de reportagens para homenagear as mulheres negras de nossa cidade, já que no dia 25 de julho comemora-se o Dia Municipal de Ignês Cassiano, importante mulher que lutava pela igualdade racial do município.
Mércia Lima é nordestina da Bahia, mas chegou muito cedo aqui em Cordeirópolis, aos sete anos. É uma jovem negra, poeta. Desde criança, percebia o preconceito existente na sociedade contra negros, principalmente mulheres. Em 2015, começou a integrar movimentos sociais, passou por vários deles e atualmente é a presidente do Conselho Municipal de Políticas Públicas Pela Igualdade Racial (COMPPIR).
Sua primeira participação em um movimento social foi no coletivo “Praperifa”, que fundou junto de três amigas, também jovens negras. Com foco na periferia, tinha objetivo de desenvolver atividades sociais e culturais dentro das comunidades e também nas escolas, além de ocupar espaços públicos. “Nós víamos o quanto era escasso os movimentos voltados para a juventude da periferia, então nós, de forma totalmente autônoma, organizávamos saraus, rodas de conversa e atividades culturais dentro dos bairros periféricos”, conta Mércia.
Através do coletivo social cultural “Praperifa”, que era mais focado em mulheres e periferia, Mércia passou a se interessar por movimentos antirracistas e de valorização da comunidade negra. Atualmente, em parceria com ativistas de cidades como Rio Claro, Mércia integra os coletivos “Feira das Pretas”, que busca trazer visibilidade para negras empreendedoras, e “Mãe África”, coletivo engajado na luta antirracista e que realiza saraus e atividades em escolas. “Vejo o empreendedorismo como uma forma de valorização e emancipação das nossas mulheres”, ressalta.
Desde 2019, é a presidente do COMPPIR, que foi criado em 2001 e antes se chamava “Cordenegro”. O conselho conta atualmente com 12 representantes e realiza atividades voltadas à cultura negra, além do engajamento na luta contra o preconceito, propondo a criação de políticas públicas em prol da igualdade racial. “Por conta da pandemia, não pudemos realizar muitas ações, mas nossa ideia é construir um calendário com atividades ao longo de todo ano, para não deixar que o povo negro seja lembrado apenas em datas comemorativas, além disso, queremos estar mais presentes nas escolas”, disse.
Com 24 anos e com ampla bagagem na luta por igualdade racial e na defesa das mulheres em Cordeirópolis, Mércia avalia suas contribuições como positivas, mas acredita que ainda há luta pela frente. “Os movimentos nos trouxeram muitas coisas boas, mas ainda há muito preconceito racial no país, e quando buscamos melhorias para um povo que é maioria (pois somos 54% da população), estamos construindo uma sociedade melhor para todos, independente da cor”, finalizou Mércia.