Negra e professora da rede municipal de Cordeirópolis há 15 anos, Dirce Prado acredita que o tema valoriza jovens afro-brasileiros
Para encerrar a série de reportagens sobre o #MêsdaMulherNegra, trazemos um tema importante e que deve receber atenção: a educação. Professora da rede municipal de Cordeirópolis há 15 anos, Dirce Prado, negra e mestre em Educação pela Universidade Salesiana, manifesta a importância da inserção de conteúdos da história e cultura afro-brasileira nas escolas.
De acordo com a professora, o tema precisa ser mais explorado em sala de aula, já que os negros são maioria no país, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e, portanto, o ensino torna-se necessário para que crianças afro-brasileiras tenham boas referências de sua origem e se sintam representadas.
Além da questão de representatividade, Dirce lembra sobre a Lei de Cultura Afro-brasileira, que torna obrigatório o ensino desse tema nas escolas estaduais, municipais e privadas. Para ela, no entanto, a falta de abordagem da história afro-brasileira na formação dos professores dificulta o ensino. “A obrigatoriedade de se trabalhar com estes assuntos deve ser uma prática do cotidiano da rede de educação, pois a maioria dos professores não aprenderam estas questões na sua formação inicial”, ressalta.
Dirce destaca a necessidade de abordar a literatura negra em sala de aula, que existe desde o século 18, mas é pouco aprofundada quando se analisa a história que é ensinada nas escolas. “É preciso que nossos professores, desde a Educação Infantil, conheçam tal literatura para entender, por exemplo, a importância do poeta Oliveira Silveira, um dos líderes na campanha pelo reconhecimento do Dia da Consciência Negra em 20 de novembro”, disse.
Em sua atuação como professora, busca, sempre que pode, trazer à tona conteúdos importantes sobre a história afro-brasileira. Além disso, procura valorizar personalidades reconhecidas nacionalmente, como o próprio Oliveira Santana, e também influências locais, como Ignês Cassiano de Oliveira, mulher negra que lutou pela igualdade racial nos anos 60, 70 e 80 e até hoje serve como inspiração e referência para muitos jovens afro-brasileiros de Cordeirópolis.
Além de lecionar as aulas na rede municipal, a professora Dirce, que é membro do Conselho Municipal de Políticas Públicas de Igualdade Racial (COMPPIR), é escritora, autora de livros e membro efetivo da Academia de Letras de Limeira (ALLe) e da Academia Brasileira de Letras – seccional de Limeira (ABL). Também é palestrante na área da Educação e trabalha também com projetos e cursos de formação continuada para especialistas.